
Centenário da Semana de Arte Moderna
A celebração do evento considerado o marco histórico do modernismo no Brasil, definitivamente, não vai passar em branco: uma extensa lista de exposições, shows, peças e dezenas de outras manifestações artísticas e culturais estão sendo realizadas por todo país.
As leituras tradicionais da Semana costumam destacar um certo protagonismo de São Paulo, seus artistas e seu processo de urbanização, como os grandes agentes da modernidade no Brasil. Porém, 100 anos depois, artistas e teóricos não estão necessariamente interessados em revisitar o mito fundacional do nosso modernismo em caráter celebratório. Hoje interessa, principalmente, ampliar os debates e discutir suas contradições enquanto movimento hegemonicamente paulistano e progressista.
“Nem tudo são Abaporus”...
Não há dúvidas de que o modernismo deixou um legado importante: a liberdade de pesquisa e experimentação em todos os segmentos das artes, a própria concepção de antropofagia e a grande visibilidade alcançada. Mas “nem tudo são Abaporus” quando o impacto da Semana é reavaliado: a “consciência modernista” foi lida como sinônimo de progresso (a ser alcançado a qualquer custo). Apropriação cultural, devastação ambiental, políticas urbanas excludentes e racismo são alguns dos reflexos com os quais a sociedade brasileira lida até hoje. Como toda vanguarda que se preze, o Modernismo é ancorado por suas polêmicas. Então, vale à pena consultar as programações que estão pipocando, seja as que aplaudem ou as que questionam o centenário. Este também é o momento perfeito para conhecer os muitos artistas modernistas brasileiros que não foram reconhecidos, apesar de suas produções singulares.
Não há dúvidas de que o modernismo deixou um legado importante: a liberdade de pesquisa e experimentação em todos os segmentos das artes, a própria concepção de antropofagia e a grande visibilidade alcançada. Mas “nem tudo são Abaporus” quando o impacto da Semana é reavaliado: a “consciência modernista” foi lida como sinônimo de progresso (a ser alcançado a qualquer custo). Apropriação cultural, devastação ambiental, políticas urbanas excludentes e racismo são alguns dos reflexos com os quais a sociedade brasileira lida até hoje. Como toda vanguarda que se preze, o Modernismo é ancorado por suas polêmicas. Então, vale à pena consultar as programações que estão pipocando, seja as que aplaudem ou as que questionam o centenário. Este também é o momento perfeito para conhecer os muitos artistas modernistas brasileiros que não foram reconhecidos, apesar de suas produções singulares.

Anita Malfatti. Grupo dos Cinco, 1922. (Tarsila do Amaral, Mário de Andrade com Anita ao piano, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia, no tapete) © Valor
Falando nisso...
Considerado um dos grandes artistas da primeira geração de modernistas da Bahia, Raimundo de Oliveira (Feira de Santana 1930 - Salvador 1966) é detentor de uma produção grandiosa e singular, mas ainda pouco conhecida pelo grande público. A maior parte das análises elaboradas em torno de sua obra destacam a influência de sua devoção aos princípios cristãos. Também abordam aspectos psicológicos, as relações com a cultura popular e seus elementos modernos. É difícil escapar do forte apelo expressionista e da espiritualidade das pinturas deste artista. Ele trabalhava a partir de escolhas conscientes e desenvolvidas através de estudos: suas obras são narrativas complexas.
Considerado um dos grandes artistas da primeira geração de modernistas da Bahia, Raimundo de Oliveira (Feira de Santana 1930 - Salvador 1966) é detentor de uma produção grandiosa e singular, mas ainda pouco conhecida pelo grande público. A maior parte das análises elaboradas em torno de sua obra destacam a influência de sua devoção aos princípios cristãos. Também abordam aspectos psicológicos, as relações com a cultura popular e seus elementos modernos. É difícil escapar do forte apelo expressionista e da espiritualidade das pinturas deste artista. Ele trabalhava a partir de escolhas conscientes e desenvolvidas através de estudos: suas obras são narrativas complexas.

Raimundo de Oliveira, Sem título (Paraíso), 1963. Óleo sobre tela. © Coleção Ivani e Jorge Yunes
A obra "Sem título (Paraíso)”, de 1963, de Raimundo de Oliveira faz parte da Coleção Ivani e Jorge Yunes e pode ser vista na exposição “Raio-que-o-parta: ficções do moderno no Brasil”. A mostra reflete sobre as diversas iniciativas modernistas no Brasil para além da década de 1920, com obras do final do século 19 até a segunda metade do século 20. Buscando refletir a pluralidade dos modernismos brasileiros, a curadoria foi feita a muitas mãos. Fazem parte do corpo curatorial: Aldrin Figueiredo, Clarissa Diniz, Divino Sobral, Marcelo Campos e Paula Ramos. Conta ainda com consultoria de Fernanda Pitta e assistência curatorial de Breno Faria, Ludimilla Fonseca e Renato Menezes. Raphael Fonseca é o curador e coordenador geral da exposição, que está no Sesc 24 de Maio, de fevereiro e agosto de 2022.
Mais dicas de agenda:
CCBB-SP: Depois de passar pelo Rio no ano passado, a mostra “Brasilidade pós-modernismo”, com curadoria de Tereza de Arruda, segue em cartaz até o dia 07/03, abordando o legado do movimento a partir dos 1960, com obras de nomes como Beatriz Milhazes, Jaider Esbell e Ge Viana.
CCBB-SP: Depois de passar pelo Rio no ano passado, a mostra “Brasilidade pós-modernismo”, com curadoria de Tereza de Arruda, segue em cartaz até o dia 07/03, abordando o legado do movimento a partir dos 1960, com obras de nomes como Beatriz Milhazes, Jaider Esbell e Ge Viana.

Atualizações Traumáticas de Debret, 2019-2021, Ge Viana © Assessoria de imprensa do CCBB SP.
CASA MODERNISTA: A primeira casa com arquitetura moderna de São Paulo, transformada em museu, tem em cartaz, até 24/04, a exposição “Buffoni, desenhos para a modernidade”, que destaca a obra do pintor, desenhista gráfico e muralista italiano Bramante Buffoni, que viveu no Brasil entre 1946 e 1956.

Vista da exposição na Casa Modernista "Buffoni, desenhos para a modernidade" © Agenda Tarsila.
FLUP: A 11ª edição da Festa Literária das Periferias será realizada entre 11/02 e 18/02, no Museu de Arte do Rio (MAR) e no Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), celebrando o centenário do modernismo negro.

© Divulgação Flup, 2019.
MUSEU AFRO BRASIL: Com início na data da morte do Mário de Andrade (25/02), “Esse Extraordinário Mário de Andrade” tem o intuito de centralizar a questão da Semana no autor. Até 30/06.

Mário de Andrade (de óculos), em companhia de Portinari, Antonio Bento e Rodrigo Melo Franco, em 1936 © Divulgação.
PINACOTECA: “Modernismo. Destaques do Acervo”, conta com 134 obras de artistas modernistas que fazem parte do acervo do museu. Até 31/12.

"São Paulo", Tarsila do Amaral, 1924 © Divulgação / Arte Ref.
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