
Arte e Espiritualidade
Para encerrar mais um ano, selecionamos algumas obras de artistas que pesquisam a relação entre arte e espiritualidade, como forma de conectar às origens e em busca de autoconhecimento. Confira a seleção abaixo:
Arte e espiritualidade coexistem. Mais do que isso, percorrem tempos, buscando novas formas de se fazerem presentes e refletirem os anseios da sociedade. Amélia Toledo (1926 - 2020), já na década de 1970, colecionava conchas, pedras e outros materiais em que interferia sutilmente a fim de representar a natureza da forma mais genuína, como um resgate da nossa ancestralidade e conexão com o planeta. Ela também recriava paisagens, com nuances monocromáticas e inspirando luminosidade. No mesmo período, Claudia Andujar (1931), também iniciou seu ativismo em defesa aos indígenas Yanomami e, desde então, foi responsável por milhares de registros potentes do cotidiano dos povos em rituais xamânicos e atividades na floresta, além de ser nome à frente das denúncias de doença, violência e poluição causadas pela atividade garimpeira.

Amelia Toledo, Impulso, anos 2000, 128 x 29 x 26 cm.
Por meio da arte, a espiritualidade pode ressoar de forma íntima ou coletiva, mas sempre a partir de conceitos capazes de criar conexões profundas com nossas origens, seja ela a natureza ou uma busca profunda pelo autoconhecimento. Na contemporaneidade, Regina Vater (1943) pesquisa a reelaboração de elementos da cultura afro-brasileira e indígena; Jarbas Lopes (1964), opera à margem do capitalismo, valorizando o artesanal e trazendo o espectador como integrante de suas instalações.

Claudia Andujar, A jovem Susi Korihana thëri em um igarapé - Catrimani, Roraima - da série A floresta, 1972/1974, 100 x 150 cm

Regina Vater, Oferenda ao Ancestral, 1988, 121 x 10 cm.

Jarbas Lopes, série Desenhos Cicloviatransamazonaérea, 2021, 32 x 23 cm @ Edouard Fraipont
Ayrson Heráclito (1968), praticante do candomblé, pensa na arte como mecanismo de cura; Tadáskia (1993), transita entre suportes em busca de relações materiais e imateriais que podem surgir entre o mundo e as coisas vivas, a partir da diáspora preta e dos encontros tanto familiares quanto incomuns; Ernesto Neto (1964), cria esculturas que fazem alusão ao corpo humano em sua profundidade, além de usar especiarias extraídas da terra como matéria-prima.

Ayrson Heráclito. Bori, 2008 - 2011, 60 x 60 cm (cada)

Tadáskía, Asa e sol dois, 2021, 136 x 148 cm

Ernesto Neto, navegante tecelão cheguei do mar- NT1, 2021, 50 x 30 cm.
Marina Abramovic (1946), usa de sua extrema sensibilidade para criar relações entre sua obra e o público, sempre propondo relacionar as fronteiras do corpo e da mente; Hariel Revignet (1995), transita entre memórias, como forma demarcar no inconsciente coletivo territórios originários, romper fronteiras e curar as feridas coloniais. Por fim, Shai Andrade (1992), utiliza a fotografia, colagens, vídeos e performances como ativadores da memória, para documentar e criar a partir das narrativas afetivas afrodiaspóricas.

Marina Abramovic, Places of Power, The Garden of Maitreya, 2013, 160 x 212,5 cm.

Hariel Revignet, Omawebèna e Aye, 2021, 60 × 60 cm (cada). Photo: Bruno Leão.

Shai Andrade, 'Retrato de família', da série 'Retrato de família', 2019, 15x21cm.
Crédito das imagens: Cortesia das galerias Nara Roesler, Vermelho, Jaqueline Martins, Luisa Strina, Simões de Assis, Sé, Fortes D’Aloia e Gabriel, Luciana Brito, Mendes Wood DM e Verve Galeria.
Compartilhar
Whatsapp |Telegram |Mail |Facebook |Twitter